A proposta do governo de fatiar a jornada de trabalho (móvel, intermitente etc.) requer a reação conjunta, e pronta, do movimento sindical. “É um ataque muito grave aos direitos dos trabalhadores. Além de desorganizar o mercado de trabalho, entendo que a medida vai desempregar ainda mais”, critica Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes (Força Sindical) e da CNTM, a Confederação da categoria.
A Agência Sindical ouviu o sindicalista, que, já no final de semana, emitiu a nota – “Presente macabro” – contra a mudança que atingirá todos os setores. “Alguns, primeiro, como o comércio, que tem sazonalidades e datas com pico de negócios e de vendas”, ele diz. Mas não só. “A indústria, que mantém seus trabalhadores à espera de uma encomenda, vai demitir esses companheiros e contratar pelo novo sistema”, comenta Miguel.
Patah – Os sindicalistas lembram que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, ao ser questionado sobre a ideia, em meados deste ano, se disse contrário. João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força Sindical, pondera que, se o titular da Pasta é contra, “então a medida deve ter vindo da área econômica do governo”.
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores) declarou à Folha de S.Paulo, na segunda (19), que “a jornada intermitente criaria uma situação análoga à da escravidão”.
Advogado – Experiente advogado trabalhista, o dr. Hélio Gherardi critica a proposta. Ele expõe várias contradições: “A jornada é móvel, mas o horário do ônibus que transporta o trabalhador não é. O horário da escola onde ele estuda também não será mudado. Mesmo o curso técnico que o trabalhador faz para se aperfeiçoar, seja no Senai, seja em outro estabelecimento, será mantido”. O dr. Gherardi conclui: “Querem desorganizar a vida pessoal e familiar do trabalhador”.
FONTE: Nota da CNTM – Presente Macabro.