Os juros sofreram alta em todas as linhas de crédito em outubro, no 13º aumento consecutivo, ao passar de 7,23% ao mês e de 131,10% ao ano em setembro para 7,30% e 132,91% em outubro, segundo levantamento divulgado ontem pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). O destaque ficou para a elevação da taxa do cartão de crédito, que passou de 13,59% ao mês e 361,40% ao ano para 13,73% e 368,27% no mesmo comparativo, conforme a pesquisa.

Mesmo com a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25%, o adiamento da implantação de medidas econômicas para melhorar as contas públicas, os indicadores de piora no cenário do emprego, da inflação e os aumentos de impostos reduzem a renda familiar do brasileiro. "O fato de que as expectativas para 2015 e 2016 são igualmente negativas quanto a todos esses fatores levam as instituições financeiras a aumentar taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência", diz o diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, na pesquisa.

No caso do custo do cartão de crédito, o professor de economia Azenil Staviski, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), afirma que uma das causas para o alto custo é justamente a oferta restritiva de crédito. "No Brasil, é um problema histórico e as taxas sempre foram altas, mas nada justifica essa taxa abusiva", critica. Ainda, a taxa deste mês é a maior desde março de 1996 (14,08% ao mês e 385,86% ao ano).
Consultor de finanças pessoais e empresariais em Londrina, Charles Vezozzo lembra que as instituições culpam a falta de caução na oferta do cartão de crédito. "Os bancos culpam o risco maior porque não há uma garantia como no financiamento de um bem, quando o próprio bem é a garantia."

Vezozzo considera que até que o País consiga ter uma taxa básica de juros menor, o consumidor e as empresas terão de conviver com o alto custo na tomada de crédito. "Em um ranking de 40 países com as maiores taxas de juros real, o Brasil é o primeiro colocado, seguido pela China. Estamos pagando caro nos juros no dia a dia porque um dos pilares da política econômica para segurar a demanda é a elevação de juros", diz.

Staviski lembra do Risco Brasil, que aumentou pelo desequilíbrio financeiro do governo, que precisa elevar as taxas para captar mais dinheiro no exterior com a venda de títulos da dívida pública. "É ruim para a empresa, que tem aumento do custo e não consegue investir, e ruim para o consumidor, que paga mais pelo produto porque esse custo é repassado ao preço final na loja", explica.

Outras linhas

Para pessoas físicas, o CDC ? financiamento de automóveis em bancos passou de 2,20% ao mês e 29,84% ao ano em setembro para 2,22% e 30,15% em outubro. A diferença entre o empréstimo pessoal em bancos e em financeiras também chama a atenção. Enquanto as agências mais tradicionais ofereceram em outubro o crédito por 4,24% ao mês e 64,59% ao ano, as financeiras cobravam 7,90% e 149,03%.

No caso de pessoas jurídicas, a média subiu de 4,12% ao mês e 62,33% ao ano em setembro para 4,16% e 63,08% em outubro. A linha de crédito que puxou para cima o indicador foi a conta garantida, que cobrou 7,10% ao mês e 127,76% ao ano em outubro. 

 

Fonte:  Folha de Londrina

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